Lideranças do PSDB criticaram ontem a decisão do governo de alterar a
remuneração da caderneta de poupança. Para os tucanos, a medida pode
prejudicar os pequenos poupadores. O movimento, entretanto, foi isolado.
Líderes de outros partidos, que compõem a base aliada da presidente
Dilma Rousseff, apoiaram a medida. Empresários também elogiaram a
iniciativa.
O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), afirmou que a nova
fórmula de remuneração da poupança pune a parcela mais pobre da
sociedade. Para o tucano, uma forma do governo evitar a migração de
investidores para a poupança seria reduzir os impostos cobrados nos
demais investimentos financeiros.
"Para o governo, é mais fácil mexer no dinheiro do cidadão em vez de
cortar na própria carne e diminuir os elevados impostos. A mudança afeta
especialmente os pequenos poupadores", criticou o líder tucano.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), também discordou da decisão. Para o
tucano, o governo federal deveria induzir uma baixa das taxas de
administração ou reduzir os tributos cobrados sobre os fundos de
investimento, como forma de preservar a atratividade desses
investimentos. Os tucanos não participaram do encontro com Dilma.
Apoio. Se de um lado os tucanos criticaram, representantes de outras
legendas demonstraram mais simpatia com a decisão do Palácio do
Planalto. "Todos nós saímos da reunião convencidos da importância da
medida", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
"Foi uma reunião curta e grossa, como se diz na minha terra, afirmou o
peemedebista, ao comentar o encontro de Dilma com integrantes do
Conselho Político. O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), que na
reunião representou o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO),
também defendeu a mudança.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverá se reunir na Câmara com deputados para explicar a mudança.
Empresários. A iniciativa do Planalto também foi elogiada pelos
empresários que fecharam o ciclo de encontros promovidos ontem por
Dilma. O presidente da Cosan, Rubens Ometto, disse que a alteração
"resolve boa parte dos problemas". Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente
do Bradesco, considerou acertada a decisão. "É uma medida importante e
boa para todos, pois preserva os valores já depositados, além da
liquidez e da isenção tributária. O produto poupança continua sendo um
ativo de grande credibilidade para a população. A mudança na regra é
coerente com os fundamentos sólidos da economia brasileira e abre espaço
para novas quedas da taxa básica de juros." / COLABORARAM RAFAEL MORAES
MOURA, LU AIKO OTTA e LEANDRO MODÉ
GABRIEL MILAN Nº 18
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