Brasília - O ator principal da investigação da CPI Mista do Cachoeira teve o depoimento, antes previsto para esta terça-feira (15), adiado. O ministro do STF Celso de Mello suspendeu o comparecimento de Carlos Cachoeira na CPI até o julgamento do habeas corpus. O advogado do bicheiro, Márcio Thomaz Bastos, entrou com o pedido para que seu cliente seja dispensado de prestar o depoimento. Bastos informou ainda que, se Cachoeira comparecer à comissão, deverá ficar calado.
O deputado Carlos Sampaio (SP) acredita que o silêncio do investigado não vai atrapalhar a apuração da comissão. “Ele pode contribuir com os trabalhos da CPI ou se calar, pois é um direito constitucional. Se ele não quiser falar, não falará. Não há problema algum. A CPI tem que ter criatividade e raciocínio investigativo para poder desenvolver outras provas, adotar mecanismos que lhe permita avançar e construir um cenário que identifique os verdadeiros culpados. Não é porque o réu principal vai se calar que a CPI vai deixar de trabalhar”, afirmou nesta segunda-feira (14).
Para o integrante do colegiado, todas as provas que estão de posse da CPI são as mesmas encaminhadas pelo Supremo e, portanto, o contraventor já teve acesso a elas há mais de um mês. “Portanto, não há nenhuma inovação probatória que justifique ele ter acesso a aquilo que ele já teve. Não existe nenhuma prova nova que pudesse cercear a defesa dele”, explicou.
Na opinião de Domingos Sávio (MG), a atitude de ficar calado prejudica o contraventor. “O silêncio dele, caso se confirme, só reforça as provas e os indícios da grande quadrilha que ele coordena. Não melhora em nada a situação dele. Por outro lado, faz com que tenhamos que intensificar o trabalho de investigação em cima daqueles que operaram com Cachoeira”, disse.
Para o deputado Rogério Marinho (RN), o depoimento do bicheiro traria revelações. “Se ele se dispuser a falar, muita coisa será elucidada. As relações de Cachoeira são estarrecedoras, ele tem ligações com várias instâncias do governo, do Judiciário, da Polícia Militar, Civil e Federal”, afirmou hoje em entrevista à TV Tropical.
Os advogados alegam que Cachoeira não deve comparecer à CPI antes de conhecer os documentos que servirão de base para as indagações dos parlamentares. A defesa solicitou ao presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), as informações, mas o pedido foi negado.
Os tucanos lembraram que a construtora Delta é um dos principais alvos da CPI. A empreiteira é responsável pela maior parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. A empresa possui contratos em quase todos os estados. Na avaliação dos parlamentares, o bicheiro atuava como lobista da empreiteira em todo o país.
De acordo com Domingos Sávio, há indícios de que a Delta é uma das fontes financeiras do esquema ilegal. “O processo de Cachoeira não pode ser entendido só como uma investigação do crime organizado envolvido com o jogo ilegal. O mais grave é o desvio de dinheiro público, a corrupção envolvendo a Delta e outras instituições. Fica evidente que temos que quebrar o sigilo da empresa e aprofundar as investigações sobre aqueles que se relacionaram com o contraventor”, explicou.
Segundo Marinho, há indícios não apenas de um estreito relacionamento de Cachoeira com a empresa Delta, como também existe a suspeita de que o contraventor seja sócio do grupo.
Os deputados também manifestaram preocupação com a venda da construtora para o grupo JBS. A holding J&F, controladora do grupo, possui 31% de investimentos de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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Bruno Henrique, 10 =)
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