A cultura e a sociedade Palestina sofreu uma severa descontinuidade com o estabelecimento do estado de Israel a nordeste, oeste e partes do sul da Palestina em 1948. Como resultado destas hostilidades, cerca de metade da população rural se transformou em refugiada. Muitos mais se tornaram refugiados após a guerra de 1967. A tradição têxtil e de vestimentas em geral mudou radicalmente com estes eventos. Muito pouco restou das décadas de revolta dos anos de 1950 e 1960. Ows costumes tradicionais começaram a se transformar claramente de modo mais rápido após este período. Sem acesso aos tecidos locais ou importados, as roupas se tornaram menos ornamentadas, mais práticas. A distinção entre as roupas para ocasiões especiais e cotidianas se perdeu, e os véus como os elaborados chapéus se transformaram em coisas do passado.
A mudança da população em massa para os campos de refugiados quebrou as tradições dos altamente desenvolvidos estilos regionais. Pelo contrário as vestimentas se tornaram inidentificáveis por certos estilos gerais – os 6 ramos e o shawal, desenhados originalmente para os mercados ocidentais são um exemplo. As roupas também sofreram mudanças ao final da década de 1980 durante aintifada, ao serem utilizadas como forma de protesto passivo e uma expressão de orgulho nacional. Bordados, produzidos nos campos de refugiados como uma forma de trazer renda, agora se transformava no mais importante elemento do patrimônio cultural Palestino. Para um povo assaltado em sua identidade nacional, as vestimentas permanecem como um elemento através do qual um patrimônio cultural fragmentado pode se restabelecer. No princípio do século XXI, por mais estranho que pareça, os costumes Palestinos sobrevivem e se mantém renovado o legado cultural de seu povo.
No começo do século XX o traje Palestino poderia ser classificado de acordo com um estilo específico por região, tribo ou comunidade. Das três maiores classificações históricas, os trajes dos nômades beduínos,os vestidos rurais fellahin e dos vestidos urbanos, muito pouco restou. Hoje o estilo é melhor definido de acordo com o estilo dos campos de refugiados, dos Territórios Palestinos e dos beduínos. Somente entre os beduínos as vestimentas ainda possuem elementos tradicionais pré-1948. Os estilos de roupas usadas hoje nos Territórios Palestinos e nos Campos de Refugiados incluem moda ocidental e vestidos modestos islâmicos, assim como várias formas de aplicação dos chamados bordados tradicionais. O vestuário que é hoje identificado como tradicional é muito mais simples em termos de construção e decoração.
Há pouca documentação disponível sobre os costumes Palestinos na década de 1950, um período de grandes revoluções. Na década de 1960 o vestuário era produzido com tecido barato, disponível, como a chita preta ou como o algodão e o acrílico em cores creme, marrom, amarelo ou azul. Os bordados apareciam nos qabbeh, cuffs, shinyar e túnicas chamadas branches bordadas de cima a baixo. O qabbeh era geralmente ampliado e bordado nas vestimentas seja bordado a mão ou à maquina como imitação de um estofamento, geralmente em algodão, mais do que em seda. O tipo de tecido, ou linha e a redução do bordado refletia os duros tempos para a economia da época.
Uma família de Ramallah, mostrando dois estilos de thobs: “6 branch” (esquerda) e “shawal” (direita), os primeiros estilos palestinos sem traços regionais (foto: Shelagh Weir, 1987).
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vários tipos de pássaros (nem todos eram realmente pássaros). O modelo é primariamente Europeu. A linha preferida para o bordado era o algodão, combinadas com linhas multicoloridas, muito populares nas décadas de 1970 e 1980.
Nos campos de refugiados na década de 1980 o conceito de produção de vestimenta para o mercado ocidental levou ao desenvolvimento do estilo shawal. O shawal foi primeiramente produzido nos campos com um corte pré-bordado, encomendado pelo comprador. Era feito com uma linha pesada com o bordado sobre o tecido e vendido com um xale trabalhado com o mesmo bordado. O bordado refletia mais a influencia ocidental com traços finos na frente e atrás combinando com uma linha solitária no topo em ambos os lados. A influência ocidental também aparecia nas finas linhas da vestimenta e nas flechas adicionadas ao busto. Os temas geralmente eram geométricos, com cores sombreadas ou em estilo Europeu: saru e pashars tent. Mesmo sendo a principio desenvolvido para o mercado externo o shawal se tornou popular entre as mulheres na Jordânia e nos Territórios que o vestiam para representar um estilo tradicional – um tipo de alta costuraPalestina.
DANIEL FERRARI Nº 13
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