quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Palestino revitaliza música árabe e promove fusão

O músico palestino Simon Shaheen, virtuose do instrumento árabe oud, faz concertos em todo o mundo com lotação sempre esgotada. Seu CD Blue Flame, lançado em 2001, recebeu 11 indicações ao Grammy, e ele chegou a ser mencionado no novo romance da escritora Diana Abu-Jaber, Cresent.
Músico, compositor e educador, Shaheen mudou-se para os Estados Unidos em 1980 e desde então vem trabalhando incansavelmente para mostrar a riqueza e complexidade da música árabe tradicional ao público ocidental, além de introduzir um novo tipo de fusão musical entre a música árabe e os ritmos latinos e de jazz.
Aos 49 anos, Shaheen faz cerca de 100 concertos por ano, dirige um retiro periódico de música árabe no Massachusetts e organiza um festival anual de cultura árabe em Nova York, com uma semana de duração, que inclui aulas de pintura com hena, dança árabe e muita comida do Oriente Médio.
O oud é um instrumento de cordas em formato de pera e com braço curto, muito usado em todo o Oriente Médio. Antecessor do alaúde europeu, data da antiguidade egípcia.
"Simon fez a tradição musical árabe voltar ao clássico", diz Anne Rasmussen, diretora do setor de música do Oriente Médio do College of William and Mary, na Virgínia.
"Ele trouxe a respeitabilidade de volta à música árabe", ela explicou, referindo-se ao cenário musical árabe nos EUA que, nos anos 1970, era dominado principalmente por música tocada em boates e acompanhada por dança do ventre.
Em março, Shaheen vai partir numa turnê pelos EUA com o Near Eastern Music Ensemble, grupo que ele próprio fundou em 1982. A turnê inclui uma apresentação no Carnegie Hall, em Nova York, em 27 de março, para a qual os ingressos já estão esgotados, e outras em Stanford, California, Pittsburgh e Seattle.
No final do mês ele pretende gravar um segundo CD com a banda de fusion Qantara (o nome significa "arco" em árabe), que em 2001 fez de Blue Flame seu CD de maior sucesso. A banda inclui músicos árabes, americanos e franceses, entre outros.
Apesar de sua programação carregada, Shaheen encontrará tempo, em abril, para passar 10 dias ensinando um grupo de 50 a 60 jovens músicos palestinos na Cisjordânia.
Menino prodígio
Simon Shaheen nasceu em 1956 numa família de músicos que sempre ouvia música clássica árabe, jazz, música indiana e da África ocidental. Em pouco tempo ele se tornou músico prodígio, tocando violino e oud.
Ele conta que ainda possui o pequeno oud que seu pai lhe comprou quando ele começou a tocar, aos 4 anos de idade. Ele pretende doar o instrumento e uma foto daquela época ao novo Museu Nacional Árabe-Americano que será inaugurado em Dearborn, Michigan, em janeiro.
Sua nova turnê vai destacar o trabalho do lendário cantor egípcio Oum Kalthoum e do compositor egípcio Mohammed Abdel Wahab, cuja música Shaheen gravou num CD de 1991.
Mas ele vê o trabalho de fusion feito com a banda Qantara como o ponto culminante do trabalho de sua vida.
"É um novo gênero que funde culturas e estilos. Com ele, chegamos a algo novo, mas perfeitamente natural: o som de um mundo só", diz Shaheen.

DANIEL FERRARI N° 13

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